Marina Colasanti: Uma Despedida à Literatura que Deixa Histórias Eternas
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O mundo literário está de luto. Nesta terça-feira (28), Marina Colasanti, uma das vozes mais brilhantes da literatura brasileira, faleceu aos 87 anos em sua casa em Ipanema, no Rio de Janeiro. Autora de mais de 70 obras e dona de um legado que atravessa gerações, Marina deixa um vazio que só suas palavras poderão preencher.
Uma Vida Entre Contos e Revoluções
Nascida em Asmara, capital da Eritreia, em 1937, Marina teve uma infância marcada por migrações — passou pela Líbia e Itália antes de se estabelecer no Brasil em 1948, fugindo dos estragos da Segunda Guerra Mundial. No Rio, encontrou um lar e um palco para sua criatividade. Antes de se tornar uma referência na literatura infantojuvenil, ela brilhou como jornalista no Jornal do Brasil e na revista Nova, onde ganhou três vezes o Prêmio Abril de Jornalismo.
Mas foi em 1968 que ela começou a escrever sua história nas páginas dos livros. Eu Sozinha, seu primeiro trabalho, foi só o início de uma carreira repleta de poesia, contos e crônicas que desafiaram convenções. Marina não só escrevia — ilustrava suas próprias obras, misturando palavras e traços em uma dança única.
Prêmios, Reconhecimento e um Nobel que Ficou no Papel
Marina colecionava prêmios como quem coleciona histórias: nove Jabutis, o Prêmio Machado de Assis (pelo conjunto da obra, em 2023) e até um terceiro lugar no Portugal Telecom de Literatura. Mas há uma lacuna em seu currículo: o Prêmio Hans Christian Andersen, considerado o "Nobel da literatura infantojuvenil". Apesar de ser finalista várias vezes, a honraria nunca veio — ironia, já que sua obra revolucionou a forma de contar histórias para crianças, fugindo de moralismos e abraçando a complexidade humana.
"Há um certo demérito ligado à literatura infantil, como se fosse algo que qualquer um pudesse fazer bem. Poder todo mundo pode, né? Fazer bem é outra coisa", disse ela em 2014.
Feminismo, Família e um Olhar Poético
Marina não era só contadora de histórias: era feminista e integrou o primeiro Conselho Nacional dos Direitos da Mulher. Muitos de seus livros, como E Por Falar em Amor e Uma Ideia Toda Azul, traziam protagonistas femininas fortes e questionavam o lugar da mulher na sociedade.
Na vida pessoal, dividia o coração com o poeta Affonso Romano de Sant’Anna, com quem foi casada, e com a filha Alessandra Colasanti, atriz e roteirista, além do neto Nuno. Em entrevistas, Marina falava sobre o envelhecimento com a mesma poesia que marcava seus textos: "O medo do desamor, da morte, isso nasce com o ser humano. [...] Mas são menos visíveis do que um pé de sapato sozinho ao pé da cama".
Velório no Parque Lage: Um Adeus no Cenário de Sua História
O velório acontece nesta quarta-feira (29), das 9h às 12h, no Parque Lage — lugar que não só abrigou seu corpo, mas também suas memórias: ela morou lá entre 1948 e 1956. A cerimônia é restrita a familiares e amigos, mas sua obra permanece aberta a todos.
Por que Marina Colasanti Não Pode Ser Esquecida?
Marina era prosa e verso, como ela mesma se definia. De Doze Reis e a Moça no Labirinto do Vento a Hora de Alimentar Serpentes, suas histórias são universais e atemporais. Para ela, os livros eram "coletes salva-vidas" na infância — e hoje são heranças para quem busca beleza e reflexão.
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